Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
Este poema é muito marcante para mim. Não apenas pela particularidade com que o autor descreve o amor apaixonado que o fazia enxergar a vida inteiramente azul, mas pricipalmente porque foi um dos poemas que meu pai me ensinou quando eu tinha apenas 14 anos. Tem coisas na vida que marcam mais do que outras, muitas vezes nem sabemos explicar o porquê. Este soneto realmente me marcou e por isso resolvi postar no blog. Afinal, um pouco de romantismo e sonho não faz mal a ninguém. Aliás, faz um bem incrível...
*Carlos Pena Filho é poeta recifense, morto aos 31 anos em 1960, em um acidente de automóvel.Patty
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